sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A Igreja e a Maldição do Pérola Negra

Você viu o primeiro filme da franquia Piratas do Caribe? Gananciosos piratas roubam um baú cheio de ouro e saem pra gastar e fazer coisa de pirata. Compram bebidas, arrastam mulheres para suas camas, se esbaldam em grandes banquetes. Mas o Capitão Barbossa e sua tripulação de amotinados não esperava que aquele tesouro estaria amaldiçoado.

E a maldição era simples, todo aquele que tirasse qualquer moeda daquele baú estaria condenado a viver sem vida. Não estariam mortos, mas também nunca mais estariam vivos. A Luz do luar revelaria sua verdadeira faceta, um corpo esquelético decomposto. Não sentiriam mais o gosto dos banquetes, não teriam mais paladar para degustar um bom rum, nem poderiam mais sentir o calor de uma mulher.

É tentador não traçar as semelhanças com o Evangelho Pirata que vemos por aí. Capitães Barbossas tem assumido publicamente sua ganancia por poder e ouro nos púlpitos de nossas igrejas. Esse Evangelho Pirata tem nos ensinado que devemos, cada vez mais, consumir, conquistar, enriquecer... seguir o desejo de nossos ventres. Ávidos por banquetes fartos, bebidas saborosas e companhia para nossas noites frias, não percebemos a maldição que tem nos acometido. Chega um ponto que a vida perde o sabor, não temos mais tato pra sentir, nem sensibilidade pra perceber o mundo a nossa volta. Tudo se trata de ganhar, realizar, construir... e é aí que a Maldição do Perola Negra nos alcança. Apesar da conquista, da realização, construção... nada tem sabor. Nos percebemos correndo atrás do vento, atrás daquilo que Salomão chamava de vaidade. Vivendo uma vida sem Vida.

Para pôr fim na maldição, Capitão Barbossa e sua tripulação teria que devolver todo ouro e o sangue derramado por ele. Teria que "perder" o ouro conquistado. Teria que aprender que o ouro e os benefícios que vem com ele, não valem a pena quando a alma é perdida. Quando perde-se a alma, nada tem sabor, as conquistas, as realizações, os banquetes, as noite quentes... tudo é vão, tudo é vaidade.